Homem é condenado a 27 anos de prisão por matar Ana Caroline, jovem que teve a pele do rosto, couro cabeludo e olhos arrancados no MA

Vídeo mostra jovem lésbica antes de ser assassinada Elizeu Carvalho de Castro, conhecido como “Baiano”, foi condenado a 27 anos e oito meses de prisão pe...

Homem é condenado a 27 anos de prisão por matar Ana Caroline, jovem que teve a pele do rosto, couro cabeludo e olhos arrancados no MA
Homem é condenado a 27 anos de prisão por matar Ana Caroline, jovem que teve a pele do rosto, couro cabeludo e olhos arrancados no MA (Foto: Reprodução)

Vídeo mostra jovem lésbica antes de ser assassinada Elizeu Carvalho de Castro, conhecido como “Baiano”, foi condenado a 27 anos e oito meses de prisão pelo feminícido de Ana Caroline Sousa Campelo, de 21 anos, após julgamento nessa quarta-feira (5), em Governador Nunes Freire . O crime aconteceu em dezembro de 2023, em Maranhãozinho, a 232 km de São Luís, e foi marcado por extrema violência. Segundo a denúncia, “Baiano” teria arrancado a pele do rosto, olhos, orelhas e parte do couro cabeludo de Ana Caroline. Imagens de câmera de segurança obtidas pelo g1 mostram a jovem voltando do trabalho de bicicleta quando foi seguida pelo réu, que estava em uma motocicleta (veja acima). 📲 Clique aqui e se inscreva no canal do g1 Maranhão no WhatsApp Em depoimento à polícia, Elizeu confirmou ser o homem nas imagens pilotando a moto, mas negou envolvimento no crime. O Ministério Público afirmou que a motivação estava ligada à condição de sexo feminino da vítima, configurando o crime como feminicídio, o que foi reconhecido pelo Conselho de Sentença. A sessão do júri popular aconteceu nesta quarta-feira (5), na Comarca de Governador Nunes Freire, e durou mais de 14 horas, começando às 8h e terminando às 22h30. O julgamento foi presidido pelo juiz Bruno Chaves de Oliveira, da 1ª Vara de Maracaçumé, que responde pela comarca. Nenhuma testemunha de defesa compareceu à sessão. Na sentença, o juiz classificou a culpabilidade como “elevadíssima” e destacou a brutalidade do crime. Apesar de ser réu primário, Elizeu demonstrou “personalidade fria, cruel e desprovida de empatia”, segundo o magistrado, que negou o direito de recorrer em liberdade. Elizeu Carvalho de Castro, conhecido como “Baiano”, foi condenado a 27 anos e oito meses de prisão Reprodução Relembre o caso O Ministério Público apontou na denúncia que, na madrugada de 10 de dezembro de 2023, Ana Caroline deixou seu local de trabalho por volta de 1h, retornando para sua casa. No caminho, a jovem passou a ser perseguida por um homem em uma motocicleta. Ana tinha 21 anos e, meses antes do crime, morava na cidade de Centro do Guilherme, mas se mudou para Maranhãozinho para morar com a namorada. Ministério Público diz que Elizeu Carvalho é o homem que aparece em um vídeo e que teria matado a jovem Ana Caroline. Ele nega. Divulgação/Polícia Civil De acordo com a Denúncia, assinada pelo promotor de justiça Felipe Boghosian Soares da Rocha, Ana Caroline teria sido morta com emprego de asfixia e meio cruel, mediante recurso que dificultou a defesa dela. O autor do crime foi identificado pela polícia como Elizeu Carvalho de Castro, conhecido como “Bahia” ou “Baiano”, de 32 anos. Ele teria abordado Ana a uma esquina da casa da vítima, em local deserto, onde a obrigou a subir na moto dele e a levou para uma estrada vicinal, em direção ao Povoado Cachimbo. Nesse povoado, Elizeu teria matado a jovem por asfixia. LEIA MAIS: O que se sabe sobre a morte de Ana Caroline Ainda de acordo com a denúncia, o crime foi praticado de forma cruel, pois Baiano teria arrancado a pele do rosto da vítima, olhos, orelhas e parte do couro cabeludo. Após o crime, Elizeu teria abandonado o corpo no local, que foi encontrado na manhã do mesmo dia. Elizeu de Castro foi preso em 31 de janeiro de 2024, em uma fazenda no município de Maranhãozinho. Ele negou a participação no assassinato e ficou calado nos interrogatórios. O corpo de Ana Caroline foi encontrado por familiares próximo à Rua Getúlio Vargas, a cerca de 300 metros da rua onde ela teria virado com sua bicicleta. Os parentes encontraram primeiro a bicicleta antes de achar seu corpo. Homem de camiseta branca passa pela rua e faz o mesmo trajeto de Ana Caroline. Reprodução Uma vizinha de Ana Caroline contou à polícia que, pouco antes de desaparecer, viu a jovem com um homem de camiseta branca em uma moto. A testemunha disse ter visto quando esse homem colocou Ana Caroline no veículo e partiu em direção a uma estrada vicinal, que dá acesso ao povoado Cachimbós, onde o corpo foi posteriormente encontrado. No dia 16 de fevereiro, a Perícia Oficial do Maranhão também exumou o corpo de Ana Caroline, após decisão da Justiça. Autora do pedido, a Polícia Civil alegou que o corpo foi enterrado sem nenhum exame criminalístico. O corpo da jovem estava enterrada em Centro do Guilherme (MA), cidade natal da vítima, e, com a decisão, os restos mortais foram levados para perícia em São Luís. Luta para criar o tipo penal 'lesbocídio' Advogada da família e assistente de acusação do MP, Luanna Lago afirma que o caso de Ana Caroline se trata de um crime de ódio cometido contra uma mulher lésbica, o que é chamado de lesbocídio. Segundo ela, o fato de o réu passar por um júri popular (quando a pessoa é julgada por outros cidadãos em vez de um juiz de carreira) pode ser representativo a depender da decisão que envolva o caso de Carol, como Carmelita a chamava. "Quando essas pessoas compreendem a dinâmica do crime, a gravidade da situação e condenam esse indivíduo, a gente conclui que o povo não aceita mais que as mulheres, que as pessoas lésbicas sejam desumanizadas, sejam tratadas de forma monstruosa", afirma. Lago considera que uma eventual condenação fortalece a luta para que o lesbocídio vire um tipo penal, processo similar ao que ocorreu com o feminicídio. Caso a proposta avance, seria um crime seria agravado da mesma forma que um assassinato de mulheres pelo fato de serem mulheres é enquadrado desta maneira. A luta é para reconhecer o homicídio de uma mulher pelo fato de ela ser lésbica. "É importante trazer essa visibilidade, mostrar porque nós existimos, que esses casos estão acontecendo aqui", afirma Ana a ativista Maria Esteves, integrante do Coletiva Lesbo Amazônidas, que critica a invisibilidade de crimes de ódio praticados contra mulheres que se relacionam com mulheres. "Precisamos ter cada vez mais do apoio do poder público, da segurança pública, da assistência social, para que reconheça a nossa existência para desenvolver prevenção, promoção de direitos e, principalmente, a reparação para a família e para os amigos", diz a psicóloga.